segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Frustação...


Queridos pais.
Escrevo vos hoje para dizer que sei que fui um dos grandes erros da vossa vida.
Mãe és chatas de vez em quando (qual e a mae que nao é). Nao gosto quando levantas a voz e me acusas injustamente por coisas que nao faço, sabes que nao sou capaz de fazer, mas mesmo assim chateias. Tambem nao gosto de te ajudar, ou pelo menos tentar, e tu retribuíres me com incompreensão, porque pensas que es mais velha e ja viveste tudo... tirando isso és uma boa pessoa e eu gosto de ti.
Pai quando era pequena estava sempre contigo, passeava mos, levavas me a sair a noite com 4 anos de idade... gostavas de estar comigo... mas, talvez, nunca te aperceberas que me fizeste muito mal com as tuas paranóias lunáticas. Quando chegavas a casa bebado, partias tudo gritavas com tudo, ate com o pobre do cão que estava na casa de banho a ganir. Quando viemos para a cidade foi o descumunal. Sair todos os dias chegar a casa discutir dar uma barranaço na escrava que tinhas em casa e ias dormir feliz que nem um pardalito. No dia seguinte o arrependimento... No outro dia voltavas a fazer o mesmo.
Começaram a surgir nomes de mulheres, quem eram essas mulheres? os teus pescates nocturnos?
A pior de todas.. a bruxa com o nariz de aspirador. Essa nunca perdoarei, nem a ti nem a ela... Só porque era Stora era melhor que nos? era melhor que a filha que fizes te, que é menos que os filhos dos outros?
Pai, nao te odeio, mas nao gosto de ti. És parte da minha melancolia de vida, hoje agradeço te por teres feito uma filha (sem querer) como eu. Eu sei que nao devia pensar nisso, pois pensar no meu passado é algo que me mata, mas para esquecer tenho de estar longe. Um dia consegui lo ei...

"Grap a map and take a trip, make your mind clear and wise."
"Pega num mapa e faz uma 'viagem', faz a cabeça limpa e sabia"

- a vida é uma cabra!
- life is a bitch!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Morta



Sentiras o que sinto?
Saberás o que é estar só?
Pois eu digo te
é sentir o vazio
num corpo apenas
pensar em quais são
os meus dilemas.

Navegar num rio de almas
onde a minha se encontra cremada
caber me a a mim um dia
entrar nessa parada

tentei dar o meu coração
mas cheio de sangue devolveram mo
com os espinhos das rosas
que me ofereceram

tentei sair e sentir me diferente
do que sou, toda a gente comenta,
mas não resultou
sai ilesa da minha tentativa de fuga

as vezes nem o que me mais me satisfaz
na minha vida, me ajuda
sinto me tão morta...

conquistar o que quero
também não ajuda
mas afinal, o que faço perdura?

num coração gélido
dentro de mim
tento não quebrar
o que sobra de mim
indo ao mar e sobre as ondas olhar
o céu azul por cima do que mais posso alcançar

a melodia que soa por entre meus dedos
desfaz a sombria altitude da minha vida
que fora perdida, desde o dia em que comecei a gritar.

Longa vida a morte que me faz companhia
um dia viverei por minha alegria
onde ensinas te o ser morto a ser vivo
a sair do seu abrigo

acompanha pela estrada escura
a estrela guia da amargura
oh vida de alegria
sorri me um dia
antes de morrer a morte mortal
para saber o que é
ser feliz afinal.

Ilustração por Victoria Francis
Texto por Helena Amado